Nesse ultimo final de semana, durante o Campeonato Paulista de Amazonas, um episódio me fez pensar um pouco nos rumos do hipismo brasileiro. Estive durante o mês de julho na Europa, onde assisti a vários concursos, desde um pequeno concurso três estrelas até Aachen e o Global Tour em Chantilly. Por que o hipismo lá é tão mais avançado? Esta é a pergunta que sempre fazemos.
O Brasil vive um boom do esporte, nunca tivemos tantos concursos. Houve um grande crescimento do número de cavaleiros e amazonas, a importação de cavalos aumentou e, no entanto, os concursos sofrem por falta de organização. O patrocínio é escasso e os concursos precisam se financiar, quase que exclusivamente, através das inscrições. Por quê?
Tive a oportunidade de promover uma temporada de quatro semanas de concursos, o Atlantic Tour na Comporta em Portugal, da concepção à execução. Um "business-plan" foi apresentado aos patrocinadores e aos investidores. Era uma proposta de longo prazo. Sabíamos que no primeiro ano não haveria resultado, mas apostamos no projeto. Este concurso foi um dos que mais cresceu na Europa, nos últimos anos. Hoje dá lucro, aos patrocinadores inclusive, que atuaram como parceiros investidores.
A verdade é que é muito mais fácil organizar um concurso pela FEI do que pela CBH. Não apenas mais fácil, mas também mais barato. A quantidade de regras e taxas impostas pelas federações e pela nossa confederação é descabida. O resultado é contra o esporte. Existe uma quantidade de pequenas regras bobas, com interpretações radicais, que a FEI já deixou pra traz, que nossos juízes insistem em nos impor. O meu episódio no Paulista de Amazonas é um exemplo.
Comprei na Europa uma casaca azul Royal, mas não me permitiram usá-la. Ao conferir o regulamento da CBH - copiado do da FEI - constatei que o texto recomenda aos participantes o uso de "casaca vermelha, preta, azul marinho ou cinza, culote branco ou bege claro, capacete, botas pretas ou botas pretas com borda castanha..."
Ora, regulamentos esportivos são abertos a interpretações. Meredith Beerbaum, em Aachen, o templo sagrado do hipismo, montou com botas marrons. Aqui mesmo, cavaleiros se apresentam com capacetes de diversas cores.
Os fabricantes de material esportivo, gastam milhões de reais para desenvolver um produto e , sem dúvida, querem se destacar entre os demais. Assim fez o fabricante de materiais esportivos GPA, quando inroduziu os novos modelos de capacetes ha dez anos.
Inicialmente ninguém gostou, todos os achavam feios, mas hoje tem a maior participação do mercado. O sucesso se reverte para o esporte, já que a GPA é hoje um grande patrocinador dos concursos. Quem nos dera uma grande empresa, como a Nike, quisesse fazer roupas para o hipismo. Quantos profissionais seriam patrocinados, quantos concursos receberiam ajuda?
As regras que importam - e que devem ser exemplarmente aplicadas - são as relativas às questões técnicas, como o uso de artifícios na preparação dos cavalos, as boleteiras, a inspeção de materiais de prova, como os ganchos de segurança e a qualidade do piso. Isto sim, faz diferença.
Acho que está na hora de darmos um passo na evolução do hipismo no Brasil, de deixarmos as bobagens de lado e de focarmos nos aspectos realmente importantes: focar no "Clean Sport", profissionalizar os concursos, treinar melhor nosso comissários e juízes e, principalmente, rever as taxas e facilitar a vida dos possíveis patrocinadores.
Texto de Beatriz Lara Rezende
Fonte: Por Fora das Pistas
sexta-feira, 12 de agosto de 2011
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Um comentário:
Minha maior paixao, cavalos! Parabens pelo blog!
Postar um comentário